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Versão 3.2/2008: Tudo na vida é uma questão de prioridade, comedimento e tolerância.
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
O meme
Eu sabia que já tinha ouvido esta palavra em algum lugar, mas em outro contexto. Por isso aquilo me soou tão esquisito. Aí fui pesquisar, claro!

Um meme é como uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro, ou entre locais onde a informação é armazenada. O termo foi criado por Richard Dawkins, no seu brilhante O Gene Egoísta (que eu li num passado remoto e por isso o termo me pareceu familiar), escrito em 1976.

O meme é considerado uma unidade de evolução cultural que pode de alguma forma autopropagar-se. Podem ser idéias ou partes de idéias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autônoma. E viva a Wikipédia!

O negócio é o seguinte. Segundo a tese do Dawkins, possuímos dois tipos de processamento de informações: o genoma, que constitui a natureza biológica de todo ser vivo, e cujos genes são transmitidos de forma sexuada de geração em geração, pela sua replicação; e o cérebro e o sistema nervoso, que permite o processamento da informação cultural, que é transmitida por ensinamentos, imitação ou assimilação, e pode ser uma idéia, um conceito, uma técnica, uma habilidade, um costume etc.

Dawkins observou que as culturas podem evoluir de modo muito similar ao das populações naturais. Entre as gerações podem ser passadas idéias que podem aumentar ou diminuir a sobrevivência dos indivíduos que as obtêm e usam. A esse processo vem associado um mecanismo de seleção daquelas que continuarão a ser passadas às gerações futuras.

Ou seja, para Dawkins os memes também se replicam. A grande diferença em relação aos genes é que enquanto os cromossomos são unidades naturais e independentes de nossas ações, as dimensões culturais são construções nossas.

Um monte de outros autores se debruçou sobre estas teorias do Dawkins (que obviamente são muito mais complexas e discutidas do que um simples parágrafo como o acima), incluindo Edward O. Wilson. Ele adotou o termo "meme" como o melhor nome existente para a unidade fundamental de herança cultural e elaborou sobre o papel fundamental dos memes em unificar as ciências naturais e as sociais no seu livro A unidade do conhecimento: consiliência.

Existe toda uma ciência dedicada ao estudo dos memes, a “memética”. E você que se interessou pacas sobre isso, pode obter mais informações aqui.

(Eu adoro sociobiologia! Aliás, por que não temos mais aula de antropologia e sociologia na faculdade de Biologia, hein?)

Mas na internet, na prática, é só uma corrente mesmo, coisas que você julga serem interessantes e manda pra frente, um questionário que você responde e passa adiante, àqueles amigos que você acha que vão responder. Aí a gente pega emprestado um nome mais sofisticado pra você se sentir meio sem graça de não responder. E a gente acaba respondendo, né? Afinal, ninguém quer deixar um amigo chateado.

E aí, vai responder?

*****

Leituras recomendadas sobre os memes originais:
O gene egoísta (Richard Dawkins)
A unidade do conhecimento: Consiliência (Edward O. Wilson)

Fontes na internet:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Meme
http://es.wikipedia.org/wiki/Meme
http://www.logdemsn.com/2007/08/25/o-que-e-meme-como-e-por-que-surgiu/

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