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Versão 3.2/2008: Tudo na vida é uma questão de prioridade, comedimento e tolerância.
domingo, 14 de outubro de 2007
Garçonete



















Por aqui é sempre um parto decidir que filme vamos ver. Ou porque nós dois achamos que só tem filme ruim, ou porque eu quero ver uma coisa leve leve muito leve e ele quer ver o que de mais denso estiver passando. O meu lado mulherzinha (sim, às vezes eu me lembro que sou XX) não acha que filme denso combine muito com as noites em que saímos juntos, sozinhos, cinema e jantar, vinhozinho, essas coisas essenciais pra não permitir que o romance acabe por completo. Meu lado mulherzinha acha que isso quebra o clima. É claro que acabamos vendo filmes densos. Nosso primeiro cinema, sem querer, foi um filme sobre Hitler.

Tudo isso pra dizer que na sexta, por eliminação e por voto decisivo meu, acabamos indo ver o filme mais fofo que eu vi este ano no cinema. Está longe de ser uma obra-prima, está longe de ser uma preciosidade cinematográfica. É fofo. E isso já é o bastante.

Alguns têm comparado Garçonete a Pequena Miss Sunshine, e os críticos têm lá seus argumentos. Eu não concordo e não vou entrar no mérito da questão. Deixo isso pra eles.
Também meteram o pau na Keri Russell, mas até aí, todo mundo sempre mete o pau nas interpretações dela, desde Felicity. Era uma série bobinha, daquelas que nenhum XY típico aguentaria ver, e acho que por isso sempre acharam a moça a criatura mais sem graça do mundo. Felicity era sem graça, não a atriz. Ela até ganhou um Globo de Ouro por isso, quatro meses depois da estréia da série. Mas isso é outra história.

O fato é que Garçonete é fofo, daqueles filmes que eu queria ver de novo e de novo e de novo, que nem criança de 3 anos vendo Teletubbies. E que dá vontade de fazer tortas e achar que enquanto eu cozinho, ele estará lá se lambuzando e me beijando a nuca. A gente passa a achar que é uma pessoa forte. Dá vontade de ter uma filha e de cantar Baby don't you cry pra ela. Parece que sempre dá pra consertar as besteiras que a gente faz, que temos direito a um fresh start. E que sempre há tempo de escolher o caminho certo a seguir.

Sim, ando com os hormônios meio descompensados.

Adrienne Shelly escreveu o roteiro de Garçonete enquanto estava grávida de sua filha, Sophie. Este foi seu último filme: ela foi assassinada aos 40 anos em novembro de 2006.


Baby don't you cry
Gonna make a pie
Gonna make a pie with a heart in the middle
Baby don't be blue
Gonna make for you
Gonna make a pie with a heart in the middle.
Gonna be a pie from heaven above
Gonna be filled with strawberry love
Baby don't you cry
Gonna make a pie
And hold you forever in the middle of my heart.
(Quincy Coleman)

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