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Versão 3.2/2008: Tudo na vida é uma questão de prioridade, comedimento e tolerância.
segunda-feira, 29 de janeiro de 2007
>> dor de partir <<
Dizem que não há dor pior que dor de parto. Você faz força e parece que não vai conseguir. Não sei. Outros dizem que pior que dor de parto só a de pedra nos rins. Parece que é um negócio enlouquecedor. Que você faz de tudo pra expulsar a dor, mas ela é que decide quando vai embora. Mas dor de dente, daquelas de fazer canal, essas sim são de socar a parede. Não há nada que faça parar, a não ser quando a gente arranca o nervo. É quase arrancar o mal pela raiz. Dor de ouvido. Dor de ouvido também é de matar. Parece que a cabeça vai explodir. E faz doer os dentes. E os ossos. Dor de garganta, amigdalite, é um horror também. Fica tudo preso naqueles poucos centímetros quadrados, a gente nao come, não tem forças pra nada. No meu caso, talvez eu pudesse falar melhor sobre dor de joelho. A dor até que é fácil de levar, mas a insegurança, essa não tem solução. E poderíamos ficar horas aqui citando mais um monte de dores doloridas e dolorosas, dor de barriga, dor de estômago, enxaqueca, cisco no olho, pé quebrado, corte na mão, espinha dentro do nariz... Mas definitivamente não há dor maior do que aquela de brigar com o amor, de saber que a última coisa do mundo que ele quer é encostar em você (e você se violenta enconstando nele, e ele te repele e você prefere morrer), de saber que ele preferia estar sozinho, ou pior, ser sozinho, nem que seja por um dia ou dois, mas você está ali e ficam os dois se violentando e você não consegue expulsar a dor e a cabeça parece que vai explodir e você quer dar soco na parede e quase não consegue controlar a insegurança e não tem vontade de comer e nem de dormir e quer que passem logo dois dias porque você torce pra que dali a dois dias esteja tudo bem e você acha que se você não existisse tudo seria mais fácil e você se sente um estorvo e quer sumir porque tem certeza, você tem certeza de que ele vai desistir de tentar e você não vai suportar uma dor maior do que essa, mesmo que ele te diga que não quer desistir, mesmo que você saiba que debaixo da cara feia ainda tem o amor, e você faz de tudo pra encontrar esse amor e só encontra a cara feia, a repulsa, a raiva e aí você tem certeza mesmo de que tudo está perdido e chora pra ver se a dor pode ser diluída e ela não pode e você chora mais e a cabeça parece que vai explodir. Tem dia que a gente vai dormir rezando por uma dor de dente.


Quatro da manhã
Dor no apogeu
A lua já se escondeu
Vestindo o céu de puro breu
E eu mal vejo a minha mão
A rabiscar
Esboço de canção.

Poesia vã
Pobre verso meu
Que brota quando feneceu
A mesma flor que concebeu
Perdido na alucinação
Do amor
Acreditando na ilusão.

Canto pra esquecer a dor da vida
Sei que o destino do amor
É sempre a despedida
A tristeza é um grão
Saudade é o chão onde eu planto
No ventre da solidão
É que nasce o meu canto.

No ventre da solidão é que nasce o meu canto...


(Lavoura - Teresa Cristina e Pedro Amorim)

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