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Versão 3.2/2008: Tudo na vida é uma questão de prioridade, comedimento e tolerância.
quinta-feira, 7 de dezembro de 2006
Jingle Bells / Jingle Bells / Acabou o Papel
Falem o que quiser. Que é piegas, ridículo, hipócrita. Que é artimanha do comércio. Apelação. Coisa sem graça. Encheção de saco. Parada religiosa. Eu concordo com tudo. Natal é tudo isso aí. Um saco.

Mas Natal pra mim já foi época de fantasia, de expectativa. Era quando a família se encontrava, quando ela ainda existia. Eu brincava com meus primos, via tios que eu só via uma vez por ano - no Natal - e adorava tudo isso. Comia rabanadas da minha bisa Rosa, bolinhos de bacalhau da vó Elvira, salada de maionese da tia Graça, enchia a barriga de "coquinhos" (era como eu chamava as avelãs). Ouvia os LPs de pagode do vô Arlindo (Eu vou botar/seu nome no SPC...). Recebia visita das primas que na época moravam em Brasília, e depois em Portugal. Montava brinquedos de lego com meu pai pro primo Rafa, brigava com o Léo até dizer chega, porque o passatempo preferido dele era me irritar. Mas eu gostava. A gente ficava acordado até tarde, ouvia música, via os adultos ficando gradativamente bêbados, ganhava presentes aos montes, até que nós tínhamos que ir pra cama porque vinha o "Papai Noel". Eu não acreditava em Papai Noel desde os três anos (descobri que meus pais é que compravam meus presentes tsc tsc), mas adorava o ritual. Eu não pregava o olho (mas fingia que dormia profundamente) até que meus pais colocassem o embrulhinho do meu lado. Aí sim dormia tranquila, com a certeza de que no dia seguinte eu acordaria com uma coisa boa me esperando.

Então é isso aí. Não acho que Natal seja tempo de renovação e esses blá-blá-blás que andam por aí, mesmo porque isso tem mais cara de ano novo, né? Nos últimos anos tenho tentado fazer, em cada Natal, que essas lembranças boas não desapareçam de dentro de mim. Porque a vida já é difícil e dura demais pra que a gente apague a fantasia do coração da gente.

E já que este ano estou de casa nova e vida nova, e descobri que é possível - e fácil - ser feliz, eu comprei árvore de Natal (simplinha, mas limpinha) e - contra a vontade de MM - enfeitei a casa, pra ver se o coração se enfeita também. Quero a casa cheia no Natal, pra esperar Papai Noel. E se for preciso, eu canto Jingle Bells!

(mais fotos AQUI).