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Coisas da vida, artesanato, fotografia e meio ambiente

Versão 3.2/2008: Tudo na vida é uma questão de prioridade, comedimento e tolerância.
quarta-feira, 1 de novembro de 2006
A M O R
A mulher acorda, se olha no espelho, os cabelos em pé, a gordurinha na barriga (quase inevitável aos 30 anos), se acha feia. Horrível. Velha. Acha que tem manchas demais, que a pele já não é mais a mesma. Aimeudeusdocéu, como vou fazer pra ele ficar ao meu lado o resto da vida? Ele não me ama mais, aposto. Não me deseja mais. A bunda está interditada, peitos nunca teve mesmo. Decide entrar na academia, tomar sol pra ver se a marquinha do biquini chama a atenção. Decide caminhar, correr até. Qualquer coisa. Ele diz que me ama, mas ele tá é com pena de me dizer que eu tô feia. Ele não me quer mais. Será? Aimeudeusdocéu, será que eu vou ter que apelar pro pompoarismo e striptease, fantasia de puta, enfermeira, empregada? Jantar à luz de velas, espuma na banheira, massagem com óleo, tudo isso eu já fiz. Será que ele vai topar fazer de novo? Sainha curta já não dá, tem banha demais na coxa. Calcinha fio dental pode ser que dê jeito. Ou não. Melhor cozinhar, dizem que marido a gente segura pelo estômago. Aimeudeusdocéu, será que ele vai me amar pra sempre? Se eu fosse mais nova e mais idiota eu poderia pedir pra ele me provar que me ama. Só mais uma prova. Além das flores, do carinho, do sorriso. Além de tirar o lixo, lavar a louça e arrumar a cama. Além de dizer que me ama todos os dias. Além de casar comigo. Estupidez, não preciso de prova de amor. É claro que ele me ama. Não tem como me amar mais do que isso. Eu não sou mais amável do que isso. Devem ser os hormônios. E além disso, o que mais ele poderia fazer pra provar que me ama? Escrever um livro lindo e dedicá-lo a mim?