Tenho certeza que no decorrer destas duas últimas semanas
ele achou que eu talvez estivesse ficando maluca. Era balde pra um lado, pano para o outro. Vassoura, rodo, produtos de limpeza. E acorda cedo, dobra roupa, arruma a casa. Lava coisas, faz supermercado, cozinha. Acho que se
ele não tivesse que ficar de repouso, tinha me amarrado numa cadeira pra que eu ficasse quieta.
O que
ele talvez não tenha entendido é que estes foram alguns dos melhores dias dos últimos meses. Dias que me devolveram um pouco de um lado meu do qual eu tanto sinto falta e que não posso exercitar como gostaria pelo simples fato de não ter onde fazê-lo. E na maior parte do tempo, nem pra quem. São nesses poucos momentos, em que tenho a ilusão de que já tenho tudo o que preciso na vida, que sou inteiramente feliz.
Me ocorreu agora que se por acaso um dia morássemos juntos, vinte anos depois eu não poderia reclamar muito se ele estivesse completamente mal acostumado: a culpa seria totalmente minha. Talvez fosse melhor mesmo deixar ele lavar os pratos da próxima vez! ;)