PP: Muito se discute sobre a falta de espaço no jornalismo para o Meio Ambiente, você concorda?
MSC: O jornalismo brasileiro cobre hoje uma parte mínima e cada vez mais irrelevante do território nacional. Trata, de preferência, do que acontece em Brasília, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Concentra-se excessivamente nos assuntos e debates oficiais. O meio ambiente é o resto.
PP: Escrever sobre meio ambiente sempre causa polêmica. Para alguns jornalistas, defender uma posição favorável já rendeu de demissões a ameaças. Isso já aconteceu com você?
MSC: Não. Aconteceu coisa pior: a indiferença. A maior doença que ataca a conservação da natureza do Brasil é a indiferença geral. Das autoridades. Do público. Dos eleitores. Dos meios de comunicação. De todos.
PP: Para você, hoje, qual é o caminho para que o Brasil realmente desenvolva-se de modo ambientalmente sustentável?
MSC: Parar de fazer o que vem fazendo desde 1500. Ou seja, usar como se fosse de seu um patrimônio natural que também pertence às gerações que ainda nem nasceram. ONGs como o IPÊ apontam para o caminho certo. O que falta é mais gente interessada em seguir-lhes os passos.
É isso aí!
OBS.: O jornalista Marcos Sá Corrêa conheceu o IPÊ há sete anos, quando foi entrevistar Claudio Padua por outros motivos. Ficou apaixonado pelo *nosso* trabalho e virou nosso conselheiro. Hoje pretende escrever um livro sobre a nossa história. Para ele, " O cenário em que essas pessoas (nós!) atuam é, em si, um convite a mudar de assunto no cotidiano do jornalismo brasileiro. " Grande sujeito! :)