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Coisas da vida, artesanato, fotografia e meio ambiente

Versão 3.2/2008: Tudo na vida é uma questão de prioridade, comedimento e tolerância.
segunda-feira, 2 de maio de 2005
Nostalgia
Fui ao Bip ver esta criatura iluminada que é o Geraldo do Norte. Ainda me lembro a primeira vez que meu pai me falou sobre ele. Que ele era um poeta matuto (como ele mesmo diz), que tinha um coração enorme, inocência de menino, sabedoria de quem muito já viveu.
Tenho um carinho enorme por ele, como se ele fosse da família (ah, se pudéssemos escolher nossa família!).
Hoje ele levou ao Bip dois violeiros maravilhosos, o Levi Ramiro e o Cícero Gonçalves. Fiquei encantada.
Por uns momentos senti um pouco de nostalgia. Lembrei da minha vida pacata no Pontal, do meu casarão com quintal e varanda, meus cachorros, criançada brincando na rua, vizinhança amiga. Fez eu me lembrar daquela solidariedade que só existe em cidades pequenas. Fez meu coração ficar apertado de saudade das pessoas que foram a minha família enquanto eu estava longe daqui, que cuidaram de mim. Saudade da Fátima, minha "mãe", da Karlotinha, minha amiga de absolutamente todas as horas. Saudade dos almoços de domingo na minha casa, nossa "família" reunida, saudade dos churrascos, saudade do Maracujá Vermelho (que virou minha marca registrada!!!), saudade de quando a Beta era minha vizinha, saudade de quando o Gê ia conversar de madrugada, saudade dos cursos, saudade de ir a pé pro trabalho.
Saudade daquele céu que parecia tão grande por lá. Saudade das estrelas que pareciam mais brilhantes. Saudade das árvores que pareciam mais verdes. Saudade até dos carrapatos, quem diria!
Se minha alma não estivesse presa à minha cidade maravilhosa e de contrastes, eu ainda estaria por lá.

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E um filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais!

E mais um comentário antes de me preparar para a minha viagem semanal:
Como é bom ter pra quem contar como foi o dia! Alguém de quem a gente sente falta! Nem me lembrava mais quando tinha sido a última vez que havia ligado pra alguém só pra ouvir a voz e dormir feliz!