Fui ao Bip ver esta criatura iluminada que é o Geraldo do Norte. Ainda me lembro a primeira vez que meu pai me falou sobre ele. Que ele era um poeta matuto (como ele mesmo diz), que tinha um coração enorme, inocência de menino, sabedoria de quem muito já viveu.
Tenho um carinho enorme por ele, como se ele fosse da família (ah, se pudéssemos escolher nossa família!).
Hoje ele levou ao Bip dois violeiros maravilhosos, o Levi Ramiro e o Cícero Gonçalves. Fiquei encantada.
Por uns momentos senti um pouco de nostalgia. Lembrei da minha vida pacata no Pontal, do meu casarão com quintal e varanda, meus cachorros, criançada brincando na rua, vizinhança amiga. Fez eu me lembrar daquela solidariedade que só existe em cidades pequenas. Fez meu coração ficar apertado de saudade das pessoas que foram a minha família enquanto eu estava longe daqui, que cuidaram de mim. Saudade da Fátima, minha "mãe", da Karlotinha, minha amiga de absolutamente todas as horas. Saudade dos almoços de domingo na minha casa, nossa "família" reunida, saudade dos churrascos, saudade do Maracujá Vermelho (que virou minha marca registrada!!!), saudade de quando a Beta era minha vizinha, saudade de quando o Gê ia conversar de madrugada, saudade dos cursos, saudade de ir a pé pro trabalho.
Saudade daquele céu que parecia tão grande por lá. Saudade das estrelas que pareciam mais brilhantes. Saudade das árvores que pareciam mais verdes. Saudade até dos carrapatos, quem diria!
Se minha alma não estivesse presa à minha cidade maravilhosa e de contrastes, eu ainda estaria por lá.
Eu quero uma casa no campoOnde eu possa compor muitos rocks ruraisE tenha somente a certezaDos amigos do peito e nada maisEu quero uma casa no campoOnde eu possa ficar no tamanho da pazE tenha somente a certezaDos limites do corpo e nada maisEu quero carneiros e cabras pastando solenesNo meu jardimEu quero o silêncio das línguas cansadasEu quero a esperança de óculosE um filho de cuca legalEu quero plantar e colher com a mãoA pimenta e o salEu quero uma casa no campoDo tamanho ideal, pau-a-pique e sapéOnde eu possa plantar meus amigosMeus discos e livros e nada mais!E mais um comentário antes de me preparar para a minha viagem semanal:
Como é bom ter pra quem contar como foi o dia! Alguém de quem a gente sente falta! Nem me lembrava mais quando tinha sido a última vez que havia ligado pra alguém só pra ouvir a voz e dormir feliz!