Este final-de-semana tem sido muito diferente de tudo o que eu já tive. Chega a assustar, porque está muito perto de ser o que eu sempre achei que deveria ser. E além disso, alguns pequenos acontecimentos fizeram com que minha caixinha de lembranças (sempre abarrotada!) fosse aberta e começasse a transbordar. E o totalmente novo se misturando ao que é absolutamente familiar tem sido umas das coisas mais incríveis que já me aconteceram.
Cerveja com amigos na quadra da escola de samba azul e branca, suco de côco com leite no segundo andar da galeria no dia da aula de redação, hip hop na rua, filme dos Trapalhões numa tarde de quarta-feira, Roberto Carlos na rua, a história triste do menino que morreu de meningite e que deu o nome à loja, sanduíche do McDonald’s, Lanche Carioca no McDonald’s, táxi, 775.
Adoro clima de subúrbio, gosto de ser parte daquilo. Gosto das calçadas repletas de pessoas se espremendo entre as barraquinhas do comércio informal, comprando produtos falsificados, made in China, flores de plástico, camisetas de time, filme pirata (que pode ser testado na hora!), pessoas com cadeiras na calçada e bares com pagode, pessoas que não têm vergonha de ser o que elas são e que não desejam nada além de serem felizes com o que Deus deu.
Adorei minha dose de simplicidade da semana.
E hoje eu conheci o Mutley! ;)
A canção que vou postar não tem nada a ver com isso tudo, mas é linda. É que eu acho que quem tem tido participação na íntegra em cada um desses momentos inesquecíveis merecia uma canção que falasse um pouco por mim.
Mesmo que os cantores sejam falsos como euSerão bonitas, não importaSão bonitas as cançõesMesmo miseráveis os poetasOs seus versos serão bonsMesmo porque as notas eram surdasQuando um deus sonso e ladrãoFez das tripas a primeira liraQue animou todos os sonsE daí nasceram as baladasE os arroubos de bandidos como euCantando assim:Você nasceu para mimVocê nasceu para mimMesmo que você feche os ouvidosE as janelas do vestidoMinha musa vai cair em tentaçãoMesmo porque estou falando gregoCom sua imaginaçãoMesmo que você fuja de mimPor labirintos e alçapõesSaiba que os poetas como os cegosPodem ver na escuridãoE eis que, menos sábios do que antesOs seus lábios ofegantesHão de se entregar assim:Me leve até o fimMe leve até o fimMesmo que os romances sejam falsos como o nossoSão bonitas, não importaSão bonitas as cançõesMesmo sendo errados os amantesSeus amores serão bons(Choro Bandido – Edu Lobo e Chico Buarque)