.:| Neguinha Suburbana |:.
Coisas da vida, artesanato, fotografia e meio ambiente

Versão 3.2/2008: Tudo na vida é uma questão de prioridade, comedimento e tolerância.
domingo, 8 de maio de 2005
Caixinha de lembranças
Este final-de-semana tem sido muito diferente de tudo o que eu já tive. Chega a assustar, porque está muito perto de ser o que eu sempre achei que deveria ser. E além disso, alguns pequenos acontecimentos fizeram com que minha caixinha de lembranças (sempre abarrotada!) fosse aberta e começasse a transbordar. E o totalmente novo se misturando ao que é absolutamente familiar tem sido umas das coisas mais incríveis que já me aconteceram.

Cerveja com amigos na quadra da escola de samba azul e branca, suco de côco com leite no segundo andar da galeria no dia da aula de redação, hip hop na rua, filme dos Trapalhões numa tarde de quarta-feira, Roberto Carlos na rua, a história triste do menino que morreu de meningite e que deu o nome à loja, sanduíche do McDonald’s, Lanche Carioca no McDonald’s, táxi, 775.

Adoro clima de subúrbio, gosto de ser parte daquilo. Gosto das calçadas repletas de pessoas se espremendo entre as barraquinhas do comércio informal, comprando produtos falsificados, made in China, flores de plástico, camisetas de time, filme pirata (que pode ser testado na hora!), pessoas com cadeiras na calçada e bares com pagode, pessoas que não têm vergonha de ser o que elas são e que não desejam nada além de serem felizes com o que Deus deu.

Adorei minha dose de simplicidade da semana.

E hoje eu conheci o Mutley! ;)

A canção que vou postar não tem nada a ver com isso tudo, mas é linda. É que eu acho que quem tem tido participação na íntegra em cada um desses momentos inesquecíveis merecia uma canção que falasse um pouco por mim.

Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
Os seus versos serão bons
Mesmo porque as notas eram surdas
Quando um deus sonso e ladrão
Fez das tripas a primeira lira
Que animou todos os sons
E daí nasceram as baladas
E os arroubos de bandidos como eu
Cantando assim:
Você nasceu para mim
Você nasceu para mim

Mesmo que você feche os ouvidos
E as janelas do vestido
Minha musa vai cair em tentação
Mesmo porque estou falando grego
Com sua imaginação
Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão
E eis que, menos sábios do que antes
Os seus lábios ofegantes
Hão de se entregar assim:
Me leve até o fim
Me leve até o fim

Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso
São bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo sendo errados os amantes
Seus amores serão bons
(Choro Bandido – Edu Lobo e Chico Buarque)